Carne Trémula

O romance policial de Pedro Almodóvar, adaptação do livro de Ruth Rendell, data o ano de 1997 e inicia-se com o nascimento de Víctor Plaza (Liberto Rabal) no ano de 1970.




Víctor vive como entregador de pizas e procura Elena (Francesca Neri), a mulher que uma semana antes lhe roubara a virgindade numa casa de banho de uma discoteca, para um segundo encontro. A jovem recusa-se e tenta expulsá-lo de sua casa recorrendo à arma do pai. Um tiro perdido alerta os vizinhos, chegando ao local dois polícias, Sancho (Sancho) que tem problemas com o álcool e David (Javier Bardem). Na confusão um tiro atinge David, criando assim o destino de todas as personagens. Seis anos volvidos, Víctor sai da prisão e depara-se com o improvável: Elena e David estão casados.





Almodóvar criou um thriller ao seu jeito, com muita paixão misturada. Não sabemos quem é a personagem central, pois elas rodopiam, qual dança das cadeiras, em cenas provocatórias, sendo que a luz da ribalta que parece iluminar Elena, rapidamente foca Clara (Ángela Molina), mulher de Sancho e amante de Vítor, passando para o ex-presidiário, para Sancho e David...







É Bardem quem mais me impressionou, numa representação muito complexa fisicamente. É de referir ainda a participação de Penélope Cruz como Isabel Plaza, mãe de Vítor.


Esta situação cria ligações entre os personagens que primam pelo ódio e pela vingança, pelo amor e a entrega. Não sabermos o que cada um sente e pensa faz-nos permanecer na expectativa e sermos constantemente surpreendidos. A obcessividade que o realizador incute nas personagens é uma imagem de marca que influencia o factor surpresa.


Como não poderia deixar de ser, todo o guarda-roupa e décor são irrepreensíveis, numa estética muito pessoal à qual Almodóvar nos habituou, onde impera um kitsch algo sofistificado.

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